13/10/2013

Jogo aberto


É preciso saber ler direito pesquisas, sobretudo quando feitas um ano antes das eleições. Fossemos imaginar que são capazes de indicar, agora, quem será eleito em outubro 2014, teríamos tido Sandra Cavalcanti, governadora do Rio, em 1982, Brizola, presidente em 1989, Conde prefeito do Rio, em 2000 e Crivella,  em 2008 e por aí vai. Costuma dizer-se que pesquisas são o retrato do momento  num processo em constante movimento. A questão é prever o movimento mais  a frente , sua tendência  e seus possíveis pontos de inflexão ou mutação. 

 A pesquisa do Datafolha aparentemente conforta o grupo palaciano: no cenário mais provável, Dilma versus Aécio e Eduardo Campos ela ganharia no primeiro turno. No cenário com Marina haveria segundo turno  e nesse segundo turno a distância de Dilma já não é muito segura. O mesmo acontece embora com alguns pontos a menos no cenário de um segundo turno entre Dilma-Temer versus Eduardo-Marina.  Eduardo Campos aparece, pela primeira,  vez com dois dígitos e sua colocação é competitiva quando a pesquisa se dá apenas entre os que o conhecem. Seu conhecimento ainda é pequeno e sua rejeição a menor o que foge um pouco ao padrão pois muitos pesquisados rejeitam a quem não conhecem.

 Sem ser negativa a pesquisa é algo preocupante para Aécio pois mostra que o processo eleitoral de 2014, pela primeira vez em vinte anos, pode fugir à polarização PT versus PSDB, que foi providencial para as duas vitórias de FHC e depois, ao reverso, para as duas de Lula e a de Dilma. O fato de Marina aparecer em segundo e Eduardo vir bem colocado, em curva ascendente, não é bom para os tucanos que tendem a reeditar, no primeiro turno, sua já tradicional aliança com segmentos à sua direita.

 Cumpre ainda observar que nessa altura ainda temos o fator recall  de 2010 e naturalmente  Dilma e Marina, nesse particular, têm vantagem sobre Aécio e Eduardo. Serra, pelo contrário, obtêm um recall menor que sua votação, em 2010 e isso somada a sua rejeição faz com que seja sumamente difícil que venha a substituir Aécio, ainda que topicamente pontue melhor.

 A pesquisa aponta para um processo bastante competitivo e em aberto o que seria muito bom para a democracia brasileira não tivesse tudo isso já começado no início deste ano numa campanha prematura desencadeada por opção deliberada do grupo palaciano para cortar na raiz qualquer veleidade de queremismo lulista por parte da base parlamentar do PT e do PMDB onde a presidenta não é, propriamente, objeto de desejo. 

 O prejuízo que provoca para o país o desencadear prematura de uma campanha eleitoral em pleno ano ímpar é obvia para qualquer um que conheça a gestão pública no Brasil. O ano ímpar que normalmente serve para desenvolver uma colaboração entre as esfera federal, estadual e municipal fica assim contaminado pelas rivalidades, paranoias e rasteiras inerentes ao processo eleitoral como se dá no Brasil e que se refletem em paralisias na gestão pública.  Quem paga o pato é a população.

 Como ecologista eu gostaria de lutar pela preservação dos anos ímpares...




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